Obina fez com Maurício o que o Beluzzo queria fazer com o Simon. E ambos fizeram com o Palmeiras o que nenhum palmeirense queria fazer

Globoesporte.com

O descontrole emocional do Palmeiras não aconteceu só no jogo contra o Grêmio. As cenas de ontem foram apenas a explosão de um crise anunciada há tempos.

 O time não vinha jogando bem, mas ainda assim ganhava seus jogos e os problemas eram jogados para debaixo do tapete (ou quem sabe, no caso do Palmeiras, para dentro do vestiário).

 A partir do momento que a vantagem foi diminuindo, muitos preferiram passar a mão na cabeça dos jogadores e colocavam a culpa nos desfalques ou na arbitragem.

 Diego Souza deu o primeiro sinal de algo poderia dar errado quando afirmou que tinha “medo de perder o campeonato”. Questionado se havia problemas de relacionamento no grupo por causa do alto salário de Vágner Love, Muricy disse que era tudo “fofoquinha da imprensa”.

 O presidente Beluzzo, tido por muitos como um homem diferenciado no mundo do futebol, perdeu a compostura, falou bobagens e foi justamente punido. Não digo que a briga entre Obina e Mauricio foi culpa de Belluzo, mas suas declarações contribuíram para tumultuar ainda mais o clima entre os jogadores.

 Muricy estava acostumado no São Paulo, onde as brigas e desentendimentos aconteciam, mas a diretoria resolvia internamente. Ontem, não. Foi ao vivo para o Brasil inteiro.

 Logo após o jogo, a diretoria resolveu tomar uma atitude e demitiu os dois jogadores. Obina termina seu contrato em dezembro e volta para o Flamengo. Mauricio é jovem e não pode ser o único responsabilizado pelo fracasso palmeirense, caso contrario, o zagueiro pode sofrer com as ameaças de torcedores, que já planejam protestos.

 Já que os problemas do time ficaram escancarados para o País inteiro, chegou a hora de diretoria, técnico e jogadores assumirem sua parcela de culpa. Ou será que ninguém percebe que o Vágner Love não está jogando nada? Que o Diego Souza caiu de produção nos jogos importantes? Que o time não tem padrão de jogo e não cria nada? Vive de bolas levantadas na área.

O campeonato ainda não acabou. É preciso colocar ordem na casa. E como disse São Marcos, “o título já era. E a vaga da Libertadores não está garantida”.

Palmeiras insiste em culpar a arbitragem

O Palmeiras ficou 19 rodadas na liderança. Chegou a abrir vantagem de cinco pontos, com possibilidade de aumentar ainda mais. A torcida já contava com o título.

Precavidos, os jogadores não caíram no oba-oba do torcedor, mas sentiram a pressão da imprensa, que insiste em apontar o campeão com antecedência.

Um empate aqui, outra derrota ali e vantagem foi diminuindo. Com a antecipação da rodada, o São Paulo empatou com Grêmio e assumiu a liderança por um ponto.

O Palmeiras tinha dois jogos contra os dois últimos colocados. Com duas vitórias, abriria cinco pontos e passava toda a pressão para o São Paulo, que ainda joga contra o Vitória, amanhã no Morumbi.

Mas não. O Palmeiras perdeu para o Fluminense e empatou o Sport. Os dois jogos foram marcados pelo erro da arbitragem. Em um o Verdão foi prejudicado, no outro, beneficiado.

Luiz Gonzaga Beluzzo, presidente do clube, chamou Carlos Eugênio Simon de “vigarista” e o acusou de “estar na gaveta de alguém”. Declarações estas que podem afastá-lo do cargo por mais de dois anos, caso seja punido pelo STJD. Se bem que punição a presidente de clube não serve pra nada. Ele vai continuar mandando, só que será outra pessoa que vai assinar os documentos.

Erros de arbitragem são chatos e atrapalham o futebol. Mas num campeonato de pontos corridos, as trapalhadas dos juizes agora prejudicam tanto quanto as da primeira rodada.

Se a torcida palmeirense ainda acha que o que está prejudicando é a arbitragem, republico abaixo o que Marcos, goleiro do time, e J. Hawilla, dono da Traffic, falaram durante a semana.

O Palmeiras ainda tem chance e time para ser campeão, mas para isso vai ter que parar de falar e jogar bola. Caso contrário, nem Libertadores vai conseguir.

Marcos, goleiro do Palmeiras.
“os caras acham que vão chegar aqui ganhando 40, 50 mil por mês, a torcida só vai apoiar, vão pegar um monte de menininhas…”
“Se o cara tem capacidade para fazer um filho, tem para capacidade para suportar pressão. Ganha bem para isso, é profissional para isso.”
“time para jogador de futebol hoje não falta. Se não Se não der certo no Palmeiras eu vou para o Corinthians. Se não der certo eu vou para o Sport. Se não der certo eu vou para o Náutico. Jogador de futebol pensa hoje assim”.

J. Hawilla, dono da Traffic, sobre Vagner Love.
“Acho que está devendo, né? Todo mundo sabe disso. Não está jogando nada, não está jogando bem não. O Vagner Love ganha R$ 500 mil por mês e fez cinco gols. Para a nossa tristeza.”